segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

STRESS=PROFESSOR

"É preciso dizer bem alto que a maioria dos professores do ensino Básico e Secundário faz um notável esforço para que as coisas corram bem" in Revista Xis, Daniel Sampaio obrigada daniel por reconheceres que tal uma temporada por cá ...
Factores stressores na profissão professor:

Condições gerais da profissão.
A pesquisa sobre as condições da envolvente geral da profissão professor é escassa. No entanto, a nossa experiência e o contacto directo com os professores tem revelado que a insegurança de emprego, o desempenho da actividade profissional afastado da área de residência, a mudança constante de escola e as dificuldades de progressão na carreira são, a maioria das vezes, factores que desencadeiam stress na vida dos professores.

Características do trabalho e do papel do professor:
Várias características das tarefas dos professores têm sido destacadas como favorecendo o aparecimento de stress no exercício da sua profissão:

o trabalho excessivo (muitas turmas, elevado número de alunos por turma, diversificados níveis de ensino, carga horária, muitas tarefas administrativas e de coordenação de equipas);

a pressão do tempo, sendo necessário conciliar num tempo limitado um conjunto de tarefas diversificadas e urgentes (aulas, preparação de aulas e avaliações);a realização de tarefas que apelam a competências que o professor considera estarem para além da sua formação (actuar em situações sociais, realizar tarefas administrativas, ensinar alunos com níveis de competência muitos distintos, coordenar equipas, a falta de tempo para estar em harmonia coma asua família aspecto tão necessério para o seu restabelicimento motivacional e humano);

a elevada responsabilidade ou, mais importante, uma certa indefinição de responsabilidade que advém do facto do papel do professor aparecer cada vez menos definido, sendo, por vezes, difícil estabelecer onde começa e acaba a função do professor e a função da família ou da sociedade;

o conflito que, por vezes, surge entre o papel de educador e o de transmissor de conhecimentos (por vezes os professores vêem-se confrontados com a necessidade de utilizar o tempo de aula para analisar e discutir situações problemáticas vividas na turma, mas em simultâneo consideram que esse tempo tem de ser utilizado para dar matéria, não comprometendo o cumprimento do programa da disciplina que leccionam problemas esses que dizem respeito ao papel do pai e da mãe como educadores);

a ausência ou excesso de controlo, nomeadamente a impossibilidade / possibilidade controlada de tomar decisões relacionadas com próprio trabalho, porque a legislação ou regulamento interno da escola especifica qual a actuação do professor em demasia centrada na autoridade e na desumanidade ou então no puro desleixo.

Conflitos interpessoais:
Existe evidência que os conflitos interpessoais podem desencadear stress e respectivas respostas por parte dos professores. Nestes conflitos aparecem com relevo os que existem entre colegas, com os órgãos de gestão, com os pais ou com os alunos, particularmente, desencadeados pela indisciplina ou falta de motivação dos alunos.



Alguns depoimentos reais:

(Como vos compreendo... subscrevo)


“Não me considero, actualmente uma boa gestora do tempo…”
”...deve-se à própria profissão, porque havendo picos de trabalho em certas alturas do ano, comecei a aperceber-me que havia um elevado acumular de tarefas…”
”…há noites mal dormidas, maior irritabilidade, menos paciência para lidar com determinados assuntos e com as pessoas, e dar importância a insignificâncias.” Professora Ana Isabel C. dos Santos Vaz
“À escola hoje em dia exige-se uma resposta satisfatória a uma série de competências que ultrapassam em muito saberes e conhecimentos. Socialmente a escola é responsável pela resolução de problemas (delinquência, toxicodependência, carências económicas, desajustamentos familiares, etc) que lhe são exteriores e que ultrapassam a sua esfera de acção. Ser professor é muito mais do que ser um simples transmissor de conhecimentos.” Professora Ana Maria Antunes Ribeiro da Silva
“Como explicar que os três alunos que olham para mim me façam pôr em causa todo o meu desempenho como professor? Apenas tenho um desejo: que a aula acabe rapidamente. O silêncio intensifica-se! O verbo être é ignorado, as vogais desconhecida.”
Professora Aurora Beatriz. T. Frederique
“No meu caso, o maior problema é mesmo o excesso de trabalho. Não sou capaz de dizer não. Ás vezes é claríssima a sensação de estar a ser usado e abusado. Sucedem-se os fins de semana sem vida social, subordinando a família a esta má gestão (do quê?). Acumulam-se os jornais e os livros para ler…A elasticidade tem limites. Será solução recusar esse trabalho, afinal não obrigatório?!” Professor Carlos M. M. Nascimento
“Tendo em conta que no dia-a-dia para além de ser professora sou também mãe de um rapaz de quatro anos e de uma rapariga de seis, muitas vezes sinto que não consigo fazer o que é preciso, no devido tempo. Para conseguir realizar todas as tarefas de que necessito, com frequência durmo menos horas do que devia e muitas vezes sinto que não consigo dar o melhor de mim e não consigo ter tempo livre para poder andar ao ar livre, actividade que gosto muito.” Professora Engrácia Bernardo
“Na sala de aula, a indisciplina pode representar para o professor uma violência difícil de suportar e ser por isso mesmo um factor primordial de stress no desempenho da sua actividade profissional. “…” Ao ter de lidar com uma gestão de comportamentos complexa e que em diversos casos implica um controlo seguro da sala de aula, o professor vê reduzida a sua disponibilidade para a tarefa de ensinar propriamente dita. Desta forma, a indisciplina da sala de aula condiciona inevitavelmente as oportunidades de ensinar e aprender e constitui um factor impeditivo do processo educativo.” Professora Maria da Conceição A. Vieira Varela
“…numa escola foi muito stressante. Principalmente o último trimestre, uma vez que entrei em conflito com o novo director da escola, o que levou ao meu afastamento.” Professora Maria Filomena M. C. Amorim Galvão
“Surgem, por vezes, dificuldades sérias devido à oposição interpessoal entre os professores, que em níveis razoáveis pode ser benéfica, mas quando toma proporções absurdas, desonestas e desleais, mina de forma negativa qualquer relacionamento e hipótese de avançar com um trabalho cujo destinatário é a Comunidade Escolar.” Professora Teresa Dias

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