Entrevista com David Fonseca: Num sonho sempre pop... por Pedro Figueiredo .
«Dreams in Colour» marca o regresso aos originais de David Fonseca. Terceiro registo a solo, a novidade marca uma assumida vontade em escrever canções mais próximas da pop enquanto género de festa. De cor, de luzes, de sonhos. Não só por isso mas também, «Dreams in Colour» é o melhor disco a solo de David Fonseca. Em discurso directo, o músico não hesita em considerar-se um melómano inveterado, e cada vez mais interessado na procura da canção pop perfeita.
Com os Silence 4, David Fonseca registou dois trabalhos de originais. Com os Humanos, um único trabalho foi suficiente para deixar marca no panorama musical português. A solo, este é já o terceiro tomo de um projecto que, a cada novo momento, parece ser o da total afirmação pessoal e profissional. «Sempre me vi como um homem de carreira, apesar de sempre achar que a qualquer altura poderia deixar de ser músico. Os Silence 4 são a minha carreira também, apesar da banda ter finado actividades. Por incrível que isto possa parecer, considero o «Dreams in Colour» o meu quinto álbum de originais, com uma grande aventura [Humanos] pelo meio. O meu primeiro disco a solo surgiu porque não havia mesmo outra hipótese. Tinha uma série de músicas, e percebi que as tinha de editar. E foi aí que decidi se ia ser realmente músico ou não, algo que agora é cada vez mais claro em mim. Agora sei totalmente para onde quero ir, o que quero fazer. Sinto-me cada vez mais confortável, mesmo sentindo que tudo isto é sempre uma aventura.»
«Dreams in Colour» sucede a «Our Hearts Will Beat as One», disco que trouxe uma série de marcas no percurso do músico.«Por incrível que pareça já passaram dois anos desde esse disco, e foram dois anos praticamente sem pausas. Gostei muito de tocar esse trabalho ao vivo, e a meu ver houve duas partes distintas do meu espectáculo dessa digressão: o antes e o depois do concerto da Aula Magna. O «Dreams in Colour» surgiu muito por culpa da necessidade de fazer um espectáculo diferente, de tocar coisas novas. O South by Southwest [Festival nos EUA onde David Fonseca actuou] deu-me também uma força muito especial. Vim de lá realmente empolgado e decidido a meter mãos ao trabalho para o «Dreams in Colour» ganhar real forma. Adorei essa experiência e hei-de lá voltar certamente, nem que seja como espectador.»
Sonhos. A cores ou não. Antes da explicação do conceito, a pergunta que se impõe: será David Fonseca uma pessoa que sonha muito? «Sonho, mas coisas péssimas. Nem sonhos eróticos tenho (risos). Tenho uma tendência curiosa para sonhar com pessoas decapitadas, muito sangue, coisas realmente mórbidas. Sonhos a cores, especialmente o vermelho do sangue (risos). Mais a sério, a ideia dos sonhos neste disco surgiu como uma ideia de abstracção, isto é, as pessoas sonham coisas isoladas, momentos diversos, mas existe todo um fundo comum que une todos estes elementos. Depois, acho que nunca tentei tanto que esta abstracção fizesse sentido num universo pop. Cada vez mais percebo que a música pop une uma série de vivências e sensações, ideias que eu havia explorado pouco até aqui. O conceito de festa, por exemplo, já havia sido explorado isoladamente em canções como o «The 80's», mas aqui houve um muito maior foco nesse sentido. Existe aqui uma toada mais optimista, na maioria dos casos, mesmo que a melancolia seja um dado presente em quase todas as minhas canções. Para o bem ou para o mal, eu vejo a minha música como impossível de perder essa toada.»
Menção final para a felicíssima versão de «Rocket Man», de Elton John. Momento decisivo em «Dreams in Colour» pois sintetiza uma vontade melómana de David Fonseca em agrada, em primeira instância, a si mesmo. «A escolha por este tema do Elton John surgiu de uma forma muito mais simples do que o que se possa imaginar. Tenho em mim uma vertente muito melómana que me leva a fazer uma série de versões ao vivo. Para este disco coloquei logo de parte gravar em estúdio uma das faixas que havíamos tocado ao vivo, acho que não fazia sentido. O «Rocket Man» é uma canção da qual sempre gostei imenso, e que tem para mim uma frase chave que me diz muito pessoalmente: «I'm not the man they think I at home». A ideia de a gravar surgiu ao falar com alguns amigos num jantar, não faço ideia porquê levantei-me e disse que ia fazer essa versão no meu próximo disco. O curioso é que não sei mesmo porque é que disse isso (risos).»
Fui ve-lo ao funchal... adorei.... aqui ficam as minhas fotos como testemunho ...
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